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Mudança - uma brincadeira

Atualizado: 14 de out. de 2023




O desejo de mudar é inerente a todos. Porque mudar é inseparável da vida. Mudar faz parte do ciclo da vida. Mas, como mudar é outra história. Complexa e desafiadora. Pode ser também, uma brincadeira, humorada e divertida. Porém, não menos desafiadora.

Meu livro é um retrato de um dos meus ciclos de mudança. Queria mudar mas não sabia como. Queria mudar, mas resistia. Não estava concentrada na melhor versão de mim mesma. Não acreditava num “eu do futuro” total, ou parcialmente, diferente daquela pessoa de outrora.



Os hábitos regulares como cuidar da alimentação, praticar esportes, dedicar-me à filosofia e as incipientes práticas de yoga, ajudaram-me (e ainda me ajudam) a trabalhar questões internas sem que eu tivesse noção do que estava acontecendo. 


Não percebemos mas, inconscientemente, contribuímos com nosso crescimento a partir de experiências, estudos, e práticas que escolhemos para direcionar a nossa vida. Não temos certeza de quando iremos acessar esse conhecimento, em qual momento, em qual estação estaremos prontos para entrar no jogo, nessa brincadeira chamada mudança, rumo à nossa melhor versão, abafada, escondida e camuflada por nós mesmos.

A prática e estudo diários é como o trabalho rotineiro do “Operário de Cantaria'', que todos os dias vai lapidando uma rocha bruta, de modo constante e persistente, até conceber uma escultura ou arquitetura belíssima.


Na primavera de 2013 estava naquele momento atípico, morno, apático, sentindo um tédio nauseabundo e uma angústia profunda. Quem nunca? Até que, sem saber que estava iniciando um processo de mudança, que muitos dos meus hábitos e comportamentos estavam se modificando, comecei então a fotografar as fases de um ciclo da minha jabuticabeira.



A princípio quis registrar apenas um caule que demonstrava e prometia uma flor e depois um fruto. Comecei a gostar desse hábito que se tornou um ritual sagrado. 


Sem saber que estava mudando, mudei. Parcialmente. Mudança total, ainda não chegou a hora. Apenas uma minúscula parte de mim, metamorfoseou-se.


A partir do passatempo de fotografar consegui alterar e transcender aqueles sentimentos de apatia e tédio memorizados em meu corpo. Naquele momento não estava sendo gentil comigo mesma, preservando aqueles sentimentos de baixa frequência.



Agir de forma diferente, ainda que seja uma ação simples, de cuidado e autocuidado, é o primeiro passo para as mudanças significativas. Manter essa ação simples, dia-a-dia, enraíza novos hábitos, gestos e preferências ao nosso modo de ser, agir e pensar. Outro nome para isso é  autocompaixão. 


Assim, a brincadeira chamada mudança acontece sem expectativas, sem pressão, apenas deixando os novos hábitos e práticas consistentes dar luz ao nosso ser oculto. Aquele ser abafado, escondido e camuflado, de modo que desse lugar escuso possa surgir e aflorar uma beleza oculta.




 

Silvia Soares Sant"Ana

Filósofa

Filósofa Clínica

Escritora quintalista

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