O Fim de um Ciclo, o Começo de Outros: A Força Poética da Renovação
- ciclopoetica
- 29 de mai. de 2024
- 3 min de leitura

O fim de um ciclo é sempre o começo de novos ciclos.
Assim é e sempre será.
Essa é a nossa vitória
Nossa bênção.
Silvia Soares Sant’Ana
Habitamos em um grande quintal, um imenso jardim que clama por palavras de fé, ações virtuosas e um zelo impecável, antes que seja tarde demais, antes do sol se pôr, antes que outros rios transbordem. Afinal, Marte, segundo Gleiser, é inabitável.
Nós, mulheres, fazemos poesia, versinhos, crônicas, inventamos e ressignificamos histórias, porque essa arte é tão necessária quanto a arte de arar e cultivar a terra. Escrevendo, enxergamos melhor, respiramos melhor com as vírgulas, caminhamos firmes até o último ponto final. Homens também poetizam e, quando fazem isso, arrasam. Tocam os jardins e as mulheres com suas vozes graves e potentes, suaves ou estridentes, capazes de despertar e fazer florescer.
O nosso mundo mais bonito precisa disso, acredito, de mulheres e homens que poetizam a terra, semeando e fertilizando para que os frutos do amor sejam colhidos e degustados por todos.
O Projeto Ciclo Poética nasceu do desejo de trazer reconhecimento às mulheres escritoras de Uberlândia e região. Um reconhecimento que pudesse valorizar e animar seus corações. É muito poderoso ser lida por outra mulher e ser minimamente compreendida em nossas loucuras e perversidades. Isso foi potente para seguir cuidando do meu jardim interno, externo e do Planeta. Por isso quis espalhar essa alegria.
Você pode achar que é sobre aplausos. Mas não é, né? É sobre a energia que ganhamos para não sucumbirmos diante de tantas atrocidades, falta de bom senso e mau gosto. Cada uma de nós tem uma missão, uma história. Alguém precisa da nossa história, assim como cada pedaço de terra precisa do nosso carinho, assim como cada gota de água não pode ser subestimada. Porque quando o copo transborda, quando o rio transborda, não há barreira que segure a última gota. A última gota é sempre fatal.
Assim como as lágrimas de uma mulher que padece de bloqueio criativo em virtude de regras, predadores, normose, ambiente sem cor e flores e falta de fiéis amigos e amigas que ajudam a seguir, que ajudam a acender o fogo quando a chama está quase apagada. A última lágrima dessa mulher pode ser fatal. Você sabe...
Nunca duvidei que um espaço bucólico pudesse ser tão ou mais inspirador do que estruturas de concreto e vidro. Foi simplesmente incrível. Minha gratidão às mulheres que, embora sejam reconhecidas mais por seus currículos acadêmicos, ainda não são tão valorizadas por sua verdadeira força poética, selvática e potência criativa.
Foi para isso, e muito mais, que nos reunimos para finalizar os encontros do Projeto Ciclo Poética, desta vez para dar voz e reconhecimento a uma escritora quintalista, existencialista, cronista e de uma força capaz de limpar quintais e de escrever com profundidade incomparável. O exemplo de Dolores Mendes nos mostra que podemos sim pegar na enxada, capinar e cuidar desse nosso lindo jardim chamado Planeta Terra.
Assim como a Terra gira, eternamente trazendo novos dias e novas noites, a mulher, com sua força criativa, escreve e cultiva, renovando o solo fértil da literatura. A literatura é o solo em que plantamos nossas palavras, e o planeta é o jardim onde nossas histórias florescem. Juntas, a mulher e a Terra, são forças de renovação e esperança, capazes de transformar deserto em jardim e silêncio em poesia.
Opmerkingen